[Paradidático] Rio de Janeiro: Xerox do Brasil - Associação Projeto Roda Viva, 1993.

Com textos de Solange Maria Magal˜es e ilustrações de Mauricio Peltier, o livro conta uma história para crianças a partir dos 7 anos. Quinzinho, o personagem principal, procura descobrir qual a "encrenca" entre o homem e a natureza.

[Poesia] Rio de Janeiro: Arte de Ler, 1995.

Livro de estréia literária de Daniel dos Santos, jornalista carioca que trabalhou como repórter e redator no "O Estado de São Paulo", na "Folha de São Paulo" e no "O Globo". Uma escrita ousada, precisa e original,que oscila entre a compaixão e a inclemência, desnuda poeticamente o desconforto da condição humana.

A poesia contemporânea me mostrou uma liberdade que eu antes acreditava impossível: era uma torrente de palavras, por vezes formando um sentido obscuro […], expondo paradoxalmente com maior intensidade o seu autor em praça pública - considerando-se que o tamanho da praça nunca foi muito amplo.

Jorge Sá Earp

Árvore genealógica
vingou a videira que meu pai
plantou com sementes de uvas que um
parente mandou de Portugal. E até da
casa em frente veio gente elogiar a tintura dos
primeiros cachos. Quando um deles
amadureceu, o velho disse "prova" e meu
dente rasgou a película que envolvia a
genealogia: o rubi de sumo ancestral
esfolava minha garganta e explicava por
que sempre fomos rascantes, meu pai e eu.

[Poesia] Rio de Janeiro: Arte de Ler, 1995.

Fernando Bueno Guimarães (Rio de Janeitro 1945-2021), participou do coletivo "Águas emendadas" (1977). Publicou "Passada a palavra" (1980), "O que podemos concluir (1983), "O galo na porteira" (1987), "O que morre (2004) e "Região Natural" (2010). Poesia sofisticada e discreta, apreciada por poetas.

Há muitos modos de aprisionar o transbordamento do mundo; não queiramos que a poesia seja mais um. Ela deve ser a palavra vigorosa diante de todo arbítrio classificatório. Por isso, a poesia representa o sangramento inestancável do corpo da linguagem, não prometendo nada além de rituais para deus nenhum.

Antonio Carlos Secchin

Canto da imprudência
Os últimos dias serviram-se de nuvens e cinzas.
Um mestre negou o absoluto.
Outro virou-se de costas.

Não havia como fugir. Chão, chão
gritavam minhas asas.

[Poesia] Rio de Janeiro: Arte de Ler, 1995.

Estréia literária do designer Mauricio Peltier. Publicou "Almanaque de fanzines" (1995) em coautoria com Bia Albernaz, e "Magistério Vodu" (2010).

Então, coloquemos na mesa as cartas do poder: a poesia, embora seu caráter essencialmente estético, deve ser também encarada como uma atividade de combate à privação de conhecimento que mantém o poder oligárquico em todo o mundo.

Sebastião Nunes

Anjo
Para não esquecer
que um dia amei as linhas
invisíveis de seu rosto
não diga uma palavra mais
uivando paixão ou fé
não me chame de anjo
quando me vejo esterco e lodo
peito cravado de espinhos
asas molhadas
e uma boca enorme
aberta como uma fossa dizendo sempre
estupidamente gelada
verdades de enxofre.

[Poesia] Rio de Janeiro: Arte de Ler, 1995.

Rita Moutinho (Rio de Janeiro, 1951-2018), publicou "A hora quieta" (1975), "A trança" (1982), "Uma ou duas luas" (1987), "Romanceiro dos amores" (1999), "Soneto do amores mortos" (2006, "Sete movimentos da alma" (2010), "Psicolirismo da terapia cotidiana (2013), "Theo & May" (2016).

Rita chega a ser “um modo intensivo da linguagem poética”, nas palavras de Frederico Gomes, tendo entrado para a “tribo dos raros”, como diz Elaine Pavoulid. Seu lirismo persegue o lirismo proclamado por Mário de Andrade, o que supera o sussurro confessional pelo canto que joga pra escanteio a carpideira, e faz entoar uma carpinteira, livre na medida exata, pra criar a poesia do amor sempre móvel.

Bia Albernaz

Decisões

Nós assim perdidos nesta cama,
assim com frio
onde fizemos filhos e incêndios.

Uma lareira, os ares do campo?
Outra partida, tentativa, tentos?

O fim deste poema nós leremos
no tempo.

[Memórias] Rio de Janeiro: Arte de Ler, 1995.

Estórias e histórias curiosas de certa família Silveira, entre 1712 e 1995, reunidas meticulosament a partir de um insólito almanaque de registros do século XVII.

Meu esquema contemplava uma apresentação de, no máximo, seis ou sete parágrafos, da qual constariam informações sobre os autores das anotações. Meti mãos à obra e, quando me dei conta, já tinha escrito mais de trinta páginas. Percebi então que me havia deixado envolver e que, para meu desconsolo, não teria paz enquanto não esmiuçasse as vidas dos ancestrais. Lamento por eles - Simão de Toledo Piza, o fugitivo da Ilha Terceira; Isabel Ebanos, a nossa Dama de Ferro; Luiz Antonio, o adversário de Caxias - por todos, enfim, que mereciam melhor apresentador. Como reconheço no texto, meu despreparo era tanto que, ao iniciar as pesquisas, mal sabia o nome de um dos bisavós. Daí para trás, só existia para mim a saga de Carlos Pedroso, o descobridor do ouro de Cataguases.

Alarico Silveira Júnior

[Romance] Rio de Janeiro: Arte de Ler, inédito.
Tradução de Hélcio Jorge de Melo Barros
Ilustrações de Thais Linhares

Em Isabella do Egito, Achim von Arnim criou uma obra misteriosa e romântica, rocambolesca e bufona. Uma aventura onde personagens reais, Carlos V e o Papa Adriano VI, lutam pelo poder, enquanto o povo se diverte grotescamente em barulhentas quermesses flamencas.

Um grande contista e uma das mentes mais originais da escola romântica. Os amantes da literatura fantástica encontram muito mais prazer em seus livros do que em qualquer outro autor alemão. Aqui, Arnim superou Hoffman, assim como Novalis.

Heinrich Heine

Minhas obras parecem com o reino dos céus no qual pouca gente deseja penetrar.

Achim von Arnim

[Poesia] Rio de Janeiro: oficina mínima, 2004.

Fernando Bueno Guimarães (Rio de Janeitro 1945-2021), participou do coletivo "Águas emendadas" (1977). Publicou "Passada a palavra" (1980), "O que podemos concluir (1983), "O galo na porteira" (1987), "idade de barro (1995) e "Região Natural" (2010).

Mulheres têm seios diferentes como meu desejo.
Perfume que se sente uma vez.

Os cumes inocentes, os altos cavalos, os raios
que se reúnem.

[Memórias] Rio de Janeiro: oficina mínima, 2006.

O que o leitor encontrará nestas páginas é uma história de pioneirismo, mas sem qualquer mistificação. Despojada e alegremente, Hilton Calazans Rodrigues, o Comandante Calazans, conta-nos sua saga como aspirante a aviador, co-piloto e piloto no início da aviação comercial brasileira.

Foi numa tarde em um dia próximo ao carnaval, durante um voo entre Belém e Carolina... Em plena cabine de pilotagem, pois não é que me aparece um comissário, bem próximo de mim, vestindo uma horrenda máscara de diabo com um aspecto assustador? Não posso negar que me assustei e muito. Aí tivemos a ideia de, chegando a Carolina, vestirmos as máscaras. Eram três. Chegamos e cada um de nós colocou a sua. Foi aberta a porta de desembarque. Aí os três diabos saltam e se dirigem à estação de passageiros com um bom número de adultos e crianças

[Contos] Rio de Janeiro: oficina mínima, 2006.

Reunião de contos produzidos ao longo de uma oficina de escrita literária concebida por Bia Albernaz, com as duas autoras, a partir do mote sugerido por Manuel Bandeira em sua “Poética”, quando diz: “Quero antes o lirismo dos loucos / o lirismo dos bêbados / O lirismo difícil e pungente dos bêbados / O lirismo dos clown de Shakespeare”. As histórias são inspiradas então por Puck, Touchstone, Dom Quixote, Meu tio Iauaretê, Baudelaire, As bacantes e O idiota.

Me identifico mesmo é com a palavra ebulição! Escrever é assim tentar me ver livre, só um pouco, do tanto de água. A escrita acolhe e deixa a água escorrer, tomar o seu curso. Agradeço a Bia e a Solange por compartilhar a magia do encontro das águas.

Zeca Carvalho

Um desejo antigo pôde tomar forma. Exerci, escrevi e me assombrei com as palavras. Resta o desafio de uma tarefa a se cumprir em prazo indeterminado.

Solange Pires

[Lembranças e receitas] Rio de Janeiro: oficina mínima, 2018.

Fac-símiles das receitas retiradas dos cadernos da Rosinha, organizadas pelas seções Delícias do cafezinho, Quitutes de almoço e jantar, incluindo Dicas e curiosidades, Colagens com folhetos, encartes, postais, recortes e até uma cédula de cinco cruzeiros encontrados entre as páginas dos cadernos. Entremeando as receitas, encontram-se as cartas dos filhos com reminiscências da maravilhosa cozinha materna, e ao final um pequeno e precioso álbum de retratos.

Penso, procuro na memória afetiva, nos cheiros, nas cores, mais do que a cozinha. Quero aprender o amor de Rosinha. O que me vem à memória? O seu cafezinho! Nada a ver e, ao mesmo tempo, tudo a ver com as suas maravilhosas receitas. Mais do que tudo, a experiência de participar desse ritual da tarde com a Rosinha traz um aroma inesquecível, junto com a lembrança da panela especial do café (que não podia ser usada para mais nada), o escaldar das xícaras, e o perfume! Delícia era sentar na cozinha com Dona Rosinha. Todos os dias, depois da siesta, ela preparava o famoso cafezinho, sempre acompanhado de algum quitute. Ah, cafezinho, volta! Volta com seu enebriante perfume. O mesmo que inundava a casa, abria as portas e dava as boas-vindas para quem quisesse entrar.

Josi Tarraf

[Biografia] Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2018.

Biografia de Odete Vidal de Oliveira, falecida em 1939 aos nove anos de idade. Em 2013, o Vaticano aprovou o processo de beatificação da menina, que passou a possuir o título de “Serva de Deus” .

É impressionante o quanto a serva de Deus Odetinha, em suas palavras e obras de misericórdia, resume os ensinamentos do Papa Francisco. É impressionante essa conexão. Por isso convido a todos lerem este novo texto do Padre Germe, muito bem restaurado e aprimorado pelo Padre João Claudio, por esta chave de leitura.

Dom Roberto Lopes, OSB

Quero passar o meu céu
fazendo bem à terra.
Odetinha

[Memórias fotográficas]
Rio de Janeiro: oficina mínima, 2020.

A epígrafe e o texto que se segue à dedicatória “Ao filho” elucidam bem a motivação para esta emocionada edição:

Uma história de vida não é feita para ser arquivada ou guardada numa gaveta como coisa, mas existe para transformar a cidade onde ela floresceu.

Ecléa Bosi

Decidimos narrar as nossas memórias, as histórias que vivemos ou que nos contaram sem muitas normas de escrita, sem padronização de como narrar. Simplesmente, narrar. Como se ao teu lado estivéssemos.

Ana Maria Severiano de Paiva
Silvio De Almeida Carvalho Filho